Lições de uma utopia para ratos


Competição e desigualdade são comumente vistas como males a serem superados pela tecnologia ou por políticas públicas, mas um experimento com ratos sugere que o contrário pode ser o ideal do ponto de vista dos evolucionariamente melhor adaptados. Pois na dificuldade, os melhor adaptados se beneficiam na propagação de seus genes, mas na bonança, os menos adaptados, indulgentes e preguiçosos dominam o ambiente e a qualidade de vida deteriora rapidamente.
Num famoso experimento conduzido em 1968, o etnologista norte-americano John Calhoun criou condições ideais para a vida e reprodução de camundongos: comida e água abundantes, material para ninhos, ausência de predadores e doenças. O único inconveniente era o limite de espaço. Seu objetivo era estudar os efeitos a superpopulação.
No início, foram introduzidos quatro casais de camundongos, que rapidamente se multiplicaram. A cada 55 dias a população duplicava. Após 315 dias, quando a população já totalizava 620 indivíduos, o crescimento começou a diminuir, com um período de duplicação de 145 dias. No dia 600, quando a população chegara a 2200, nasceu o último camundongo vivo, apesar de o espaço poder acomodar mais de três mil animais. Após esse dia, a população declinou rapidamente até a extensão, cerca de 800 dias após início do experimento.
Ao contrário do crescimento esperado em condições tao favoráveis, os camundongos desenvolveram alterações de comportamento tão graves que prejudicaram sua sociabilidade e disposição para se reproduzir. Os ratos tornaram-se mais agressivos, inclusive as fêmeas, machos deixaram de se socializar e cortejar fêmeas. Muitos machos se isolaram totalmente dos outros para se dedicar inteiramente a comer, se limpar e dormir, evitando ferimentos em brigas, assim mantendo uma aparência extremamente saudável - por isso foram chamados de "os belos".
Por fim, como os comportamentos aberrantes continuaram, a reprodução estagnou e a população entrou em colapso.
Responsável por este desenvolvimento catastrófico foi a propagação descontrolada de genes disfuncionais devido à ausência de competição. Em pouco mais de cinco gerações de camundongos, as mutações desfavoráveis se acumularam a ponto de tornar toda a população disfuncional.
O destino da população de camundongos é uma metáfora do possível futuro da humanidade caso a seleção genética continue artificialmente baixa, na verdade disgênica, devido à transferência estatal de recursos dos mais bem sucedidos para os menos. E a experiência indica que há um contínuo declínio da qualidade genética humana, em termos de sanidade física e mental e inteligência, declínio este exacerbado pelos avanços da medicina na ausência de medidas eugênicas de controle reprodutivo. Pois a medicina reduz drasticamente a mortalidade infantil, responsável pela eliminação de genes deletérios em condições naturais, além de prolongar a vida humana a tal ponto que grande parte dos recursos sociais precisa ser destinada à assistência médica de uma população cada vez mais doente. O isolamento social e a indisposição para encontrar parceiros sexuais e se reproduzir parecem aumentar com o tempo, especialmente nos países mais avançados e seguros. Uma série de fatores disfuncionais para a reprodução de uma sociedade saudável é claramente observável: cresce a porcentagem de homossexuais, mulheres se tornam mais agressivas e masculinas, homens de efeminam. O médico britânico Bruce Charlton prevê destino semelhante para a população humana caso a seleção natural continue estagnada. Ele prevê para meados deste século, se a regra de cinco gerações também se aplicar a humanos, o colapso da população nativa da Inglaterra, onde, desde a revolução industrial, a baixa mortalidade infantil e a assistência médica universal contribuem para a propagação de genes deletérios.
Se quisermos evitar o desastre dos camundongos, sem no entanto precisarmos reviver a brutalidade do colapso social e guerra civil, não há alternativa à uma política de controle eugênico da natalidade respeitoso à dignidade humana.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Pela reabilitação da eugenia

Eugenia e responsabilidade reprodutiva